A prática de jogar óleo ungido na porta de uma câmara de vereadores em plena campanha política revela uma série de equívocos teológicos que são dignos de uma análise crítica mais firme e séria.
Primeiro, há uma distorção fundamental do conceito de unção. Na teologia cristã, a unção é um símbolo de separação para um propósito sagrado, não um amuleto mágico para obter poder político. O uso do óleo como uma espécie de ferramenta para conquistar cargos públicos transforma um ato espiritual em um instrumento de superstição e manipulação, longe do sentido bíblico de consagração.
Além disso, a mistura entre religião e política, neste caso, é imprudente. O próprio Jesus deixou claro em Mateus 22:21: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus." O evangelho não é uma plataforma de campanha, e tentar usar práticas religiosas para influenciar resultados políticos é uma evidente instrumentalização da fé. Ao agir dessa maneira, o pastor trai tanto o chamado pastoral quanto a ética cristã, subordinando valores espirituais a ambições mundanas.
Teologicamente, há também um problema em confundir autoridade espiritual com poder político. O apóstolo Paulo ensina que o reino de Deus "não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14:17). Transformar a fé em uma escada para o poder secular é uma inversão do evangelho, que deveria promover o serviço, o amor ao próximo e a humildade, e não a busca por cargos.
Por fim, essa atitude pode levar as pessoas a um falso entendimento do evangelho, associando bênçãos materiais e sucesso político a ações que beiram o fetichismo religioso. Em vez de guiar seus fiéis a um relacionamento genuíno com Deus, o pastor corre o risco de colocá-los em uma rota de ilusão e manipulação. A política e a fé precisam dialogar com ética e respeito mútuo, não com o uso vulgar de símbolos sagrados para fins eleitoreiros.
Essa prática é, no mínimo, uma incoerência com a natureza do evangelho, que exige que pastores sejam guias espirituais, não manipuladores de símbolos para ganhos próprios.
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