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Sexta- feira, 23 de Agosto de 2024

Cultura

Camarotes viram tendência nos festejos juninos

“Camarotização” ocupa o lugar das festas privadas, que eram realizadas afastadas da sede dos municípios

TV Jequié
Por TV Jequié
Camarotes viram tendência nos festejos juninos
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As festas de São João pelo Nordeste, incluindo a Bahia, vêm ganhando um novo modelo. Já consolidados no Carnaval de Salvador, os camarotes privados é uma tendência atual nos festejos juninos e são montados nas praças e em outros espaços públicos onde acontecem os shows contratados pelas prefeituras. A “camarotização” vem ocupando o lugar das festas privadas, que eram realizadas em fazendas afastadas da sede dos municípios e animadas por atrações musicais de peso. Destas, apenas o Forró Ticomia, em Ibicuí, e o Forró Amigos do Dan, em Jequié, resistem aos novos espaços.

Cruz das Almas, Serrinha, Senhor do Bonfim, Euclides da Cunha, Santo Antônio de Jesus e Jequié são as principais cidades que estão investindo nos camarotes, com a maioria deles oferecendo serviço de open bar e outros itens, como iluminação cênica; banheiro climatizado; e praça de alimentação, com passaporte para os cinco dias custando, em média, R$ 850 e ingressos avulsos, a partir de R$ 150.

Os camarotes juninos ganharam notoriedade, inicialmente, na cidade pernambucana de Caruaru, a partir de 2022. Por lá, a exploração privada desses espaços chegou a receber críticas do Ministério Público e Tribunal de Contas daquele Estado, por conta da redução do ambiente para o público não pagante. Por outro lado, o modelo é comemorado por prefeitos, que veem nesse formato uma maneira de arrecadação de recursos através da licitação das áreas públicas.

No São João da Bahia, os camarotes ganharam fôlego em 2023, a exemplo do Camarote Sanju de Cruz, em Cruz das Almas. O espaço abrirá suas portas entre 20 e 24 de junho, no Circuito Luiz Gonzaga, espaço fechado com mais de 20 mil m², na Avenida Getúlio Vargas. O São João local, que acontecia em um bairro residencial, no ano passado migrou para uma arena, na entrada da cidade. Entre as atrações anunciadas estão João Gomes, Adelmário Coelho, Solange Almeida, Tayrone, Calcinha Preta, Alcimar Monteiro, Daniel Vieira e Santanna O Cantador.

O Camarote Único, no município de Serrinha, também vai ser montado pelo segundo ano consecutivo e funcionará de 21 a 25 de junho, na Arena Marianão. Nomes como Bruno e Marrone, Limão com Mel, Dorgival Dantas, Xand Avião, Wesley Safadão, Chambinho do Acordeon e Kart Love são algumas das 26 atrações da grade de programação prevista da festa junina da cidade.

O município de Santo Antônio de Jesus, que sedia uma das mais concorridas festas de São João, estreou a onda dos camarotes também em 2023. Já naquele ano, o prefeito Genival Deolino defendeu o espaço privado, considerando que “os recursos arrecadados com a sua licitação e com os patrocinadores contribuem com os custos da festa junina municipal”. O Camarote Xodó, como foi batizado, promete uma vista privilegiada da festa em praça pública, onde deverão passar Leo Santana, Maiara e Maraisa, Flávio José, Cavaleiros do Forró e Estakazero, entre outras atrações.

Espaços nas praças

O jornalista Gabriel Carvalho, editor do Site São João na Bahia, faz uma análise sobre a tendência de camarote nas festas juninas. Ele chama a atenção para o fato de que a montagem desses espaços nas praças ocorre a partir do momento em que as festas públicas promovidas pelas prefeituras passam a contar com grades de artistas de projeção nacional do forró e de alguns outros ritmos. “Isso fez com que as festas privadas e as prefeituras entrassem em rota de colisão, pois as atrações eram praticamente as mesmas e, com a exigência dos serviços prestados pelos eventos, que geralmente eram all inclusive, essas festas particulares se tornaram inviáveis comercialmente. Esse modelo de negócio favorece o investidor e ganha ares de PPP, já que o dono do camarote não terá o principal custo, que é o das atrações”.

O cancelamento das festas privadas juninas também é analisado pelo sócio e produtor do Forró Ticomia, Raul Dourado, que aponta os efeitos pós-pandemia; a recessão na economia; e o investimento dos poderes públicos municipais em festas públicas como as principais causas. “As prefeituras vêm, desde 2022, investindo nas festas públicas, especialmente este ano, que é eleitoral, contratando as grandes atrações e, obviamente, as pessoas optam por curtir esses artistas renomados gratuitamente”. O Ticomia ser um sobrevivente nesse cenário, acredita Raul, se deve ao fato de terem construído uma marca, um conceito e fidelizado um público.

FONTE/CRÉDITOS: Claudia Lessa/A Tarde
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