Eu, cauto, venho assistindo a tudo, não em cima do muro, mas distante do muro, do morro, onde de tudo se vê, inclusive, tudo que se pode ver pode significar nada, quando os atores distorcem suas falas, burlando o roteiro.
O evento que a mídia unilateral tratou como acolhimento político do governador Jerônimo Rodrigues com Zé Cocá, prefeito de Jequié, nada mais foi que uma relação institucional rotineira, que vem ocorrendo entre o governo da Bahia e centenas de prefeitos e lideranças das cidades baianas. É o governo ouvindo, coletando demandas, socializando a gestão estadual com o interior do estado, para planejar políticas de estado de forma mais assertiva.
As matérias produzidas sobre o fato, objetivaram claramente valorizar Zé Cocá nessa relação, como se sua junção ao PT seria algo indispensável, como oxigênio para o governo do Estado. Não se pode ocultar a representatividade política de Zé Cocá, cultivada desde a prefeitura de Lafaiete Coutinho, passando pela Assembleia Estadual e chegando aos dias de hoje, quando exerce seu segundo mandato com expressiva aprovação popular da primeira gestão.
Após a convergência natural dos fatos sob o olhar neutro de muitos, foi preciso rearranjar a narrativa, passando a ser, de fato, um encontro puramente institucional, como o próprio Zé Cocá afirmou, dizendo estar “nos âmbitos institucionais, nós conversamos pensando no desenvolvimento de Jequié e da nossa microrregião. Nós debatemos o aeroporto regional, que pode ser em Jequié, que pode ser no Entroncamento de Jaguaquara, uma luta nossa, discutimos o novo polo industrial, discutimos obras estruturantes aqui e na região”, disse Cocá.
Agora, depois de muitas aparições midiáticas, eis que aparece a figura de ACM Neto apontando Zé Cocá com potencial para compor a chapa de oposição ao PT nas eleições ao governo da Bahia, em 2026. De fato, é enaltecedor para alguém que nutre a vaidade como particularismo. E agora? Cocá continua por lá ou vai atravessar de vez a fronteira partidária?
Enquanto Cocá não se define para que lado vai pender, PT ou Oposição, ele vai levando vantagem quando pauta o governo do estado e consegue colocar a máquina estadual no ritmo do trabalho, lhe socorrendo inclusive em obras que talvez Zé Cocá não consiga devolver para a população, como é o caso, por exemplo, do Teatro Municipal, parado até hoje mesmo sendo gasto Meio Milhão de reais, e o Centro de Abastecimento de Jequié, obra anunciada no início da gestão passada, pelo valor de R$ 20 milhões dos cofres municipais, e que até hoje não foi concluída.
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