O segundo mandato sempre representou e continuará a representar um desafio em todos os níveis de administração. Na gestão local, o primeiro período ficou caracterizado pela dedicação quase que exclusiva ao setor de infraestrutura da cidade.
PRAÇAS PÚBLICAS - O total de praças reformadas ou construídas atingiu um marco histórico em Jequié, superando até mesmo a administração do ex-prefeito Landulfo Caribé. Essas novas áreas públicas geraram queixas entre os moradores devido à derrubada de diversas árvores, o que vai de encontro às práticas de preservação ambiental adequadas para uma cidade com clima tropical. Ademais, a quantidade de quiosques, muitos dos quais já não estão em operação, em razão dos altos custos de aluguel, também tem sido alvo de reclamações.
PAVIMENTAÇÕES - Uma outra área que teve atenção quase total foi a de pavimentação de ruas e avenidas, que levantou muitas dúvidas, especialmente sobre a qualidade do serviço executado e a falta de implantação de um sistema de drenagem apropriado, resultando em problemas significativos já nas primeiras chuvas. Obras nesse sentido não mais impactarão a população, que considera não mais que uma obrigação da gestão municipal.
SAÚDE - A atenção à saúde no município tem se mostrado um dos principais obstáculos para a administração local. Há muitas queixas relacionadas à falta de atendimento adequado para os usuários do SUS, especialmente em consultas médicas, exames de média complexidade e cirurgias eletivas. Apesar dos altos custos suportados pelos cidadãos pagadores de impostos, a situação da saúde municipal não parece ter apresentado melhorias. Além disso, o Tratamento Fora do Domicílio é um serviço que também tem gerado diversas insatisfações, especialmente em relação à disponibilidade, às condições das viagens e à qualidade do atendimento.
EDUCAÇÃO - No setor educacional do município, a administração tem se empenhado em reformar as escolas e em comprar materiais didáticos, no entanto, esses esforços não são suficientes para melhorar a qualidade do ensino. A alimentação oferecida aos alunos e a valorização dos educadores são pontos que ainda carecem de atenção.
Além disso, o pífio aumento salarial de apenas 4% que foi dado pelo prefeito em 2024, somado ao descumprimento da legislação federal que estabelece o pagamento do Piso Nacional do Magistério, que a prefeitura não cumpre, tem sido um ponto frustrante para os professores.
CULTURA – Esta tem sido a área que mais gera preocupações para o administrador local. Com várias denúncias apresentadas e em andamento no Ministério Público Estadual e Federal, o setor cultural de Jequié, apesar de um orçamento de R$ 15 milhões para 2024, tem enfrentado conflitos com os artistas locais. As questões em debate incluem a valorização dos artistas locais, a devolução do Teatro Municipal à população de Jequié e a gestão transparente, justa e eficaz dos recursos oriundos das Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc. De fato, a cultura na cidade não tem agradado em nada os atores da cultura do município.
SERVIÇO PÚBLICO – O início do ano trouxe um significativo desafio para a administração municipal. O sistema de transporte coletivo urbano, que vinha sendo motivo de diversas queixas, incluindo incêndios em veículos durante o percurso com passageiros, uma frota deteriorada, horários desregulados e falhas mecânicas que constantemente deixaram os cidadãos sem o meio de transporte, agravou-se ainda mais quando a COOBMA, detentora da concessão municipal para a operação do Sistema de Transporte Coletivo Urbano, deixou de prestar seus serviços em 07 de fevereiro, uma sexta-feira, justificando sua saída por razões operacionais e financeiras diante das atuais condições do setor de transporte de passageiros, o que impossibilitou a manutenção de suas operações.
Surpreendentemente, após obter autoridade aprovada pela Câmara Municipal, a Sumtran, agora encarregada também do transporte público da cidade, apresentou um parecer aconselhando o prefeito Zé Cocá a realizar uma INTERVENÇÃO na empresa COOBMA. Essa medida, considerada rigorosa e extremamente séria para aqueles que a administração sempre chamou de heróis do transporte público local, chamou a atenção dos vereadores e da população de Jequié, exatamente pelo rigor.
Com essa decisão, a administração de Jequié não apenas assumiu a responsabilidade pelo transporte público de passageiros, mas também todas as despesas operacionais da COOBMA, incluindo os salários dos empregados da empresa, os custos do sistema, as obrigações trabalhistas, as responsabilidades com os credores, além dos encargos tributários e fiscais. A comunidade espera que o serviço seja implantado com qualidade e agilidade, conforme anunciado pelo prefeito Zé Cocá em um vídeo divulgado na internet.
LEGISLATIVO - Se as conversas que circulam pelos bastidores do legislativo se concretizarem, a partir do dia 18 de fevereiro, data em que se iniciam as atividades do parlamento municipal, a posição do prefeito poderá ser vista como bastante singular em comparação aos anos anteriores. Um membro da câmara garantiu que o prefeito não terá vida fácil no legislativo nos próximos anos e que a administração já está imersa em uma crise financeira substancial, com pendências no pagamento de veículos locados e outros compromissos, conforme relatado pelo parlamentar.
A insatisfação dos vereadores de Jequié está relacionada ao modo como o prefeito os trata, o que é visto como frio, distante e desdenhoso. Essa situação afeta tanto os aliados do prefeito quanto os novos vereadores que acabaram de assumir seus cargos.
RECEITAS - Com o término das Emendas Parlamentares que durante anos abarrotaram os cofres da prefeitura de Jequié, somado à expectativa de redução nas receitas do município, a administração municipal provavelmente terá que implementar medidas de contenção tanto nos investimentos públicos quanto nas despesas com contratações e pessoal. Nesse contexto, as demissões e o corte drástico das gratificações aos servidores nomeados, as conhecidas como RTI, já estão sendo realizadas como uma maneira de ajustar a máquina pública.
A previsibilidade da diminuição das receitas do município possivelmente pode dificultar o pagamento do Piso Salarial dos Professores Municipais e o aumento necessário para os funcionários públicos em 2024, já que a gestão municipal insiste em não aplicar recursos próprios na educação, se pautando apenas nos repasses do Fundeb.
Ainda fazendo parte desse cenário de contenção de gastos, é provável que a proposta de lei que considera a venda do São João de Jequié seja também uma estratégia econômica para reduzir os altos custos do evento, que a cada ano se tornam ainda mais elevados. No último evento organizado pela prefeitura de Jequié, foram investidos mais de R$ 12 milhões.
OUTROS ANOS - O prefeito Zé Cocá diante desse cenário, vai precisar colocar em prática sua habilidade em gestão pública, coisa nada difícil para quem fez diversas palestras para prefeitos de várias cidades da Bahia, demonstrando como transformar uma cidade e afirmando ter o controle total de Jequié, também no celular. Salvo os pagamentos à empresa Alpha Pavimentações, objeto da operação da Polícia Federal que investiga o desvio de dinheiro público advindo das emendas parlamentares que foram destinadas a Jequié.
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