Reza a lenda que, há bastante tempo, um indivíduo notório por sua vaidade e arrogância juntou um grupo de conhecidos na praça e compartilhou com eles que tinha a habilidade de transformar qualquer espaço desagradável em algo esplêndido, como nas histórias de fadas, em que um mágico, ao tocar um galho seco com sua varinha encantada, o converteu em uma árvore grande e frondosa repleta de frutos.
Todos estavam extasiados, com os olhos brilhando diante de um poder tão transformador. O falador ajustou sua gravata suashish, clareou a voz e direcionou o olhar para a Lagoa do Derba, uma região alagada que constantemente causava incômodo aos moradores do seu entorno.
Com voz exuberante, o alardeador proclamou: vou fazer deste espaço um belíssimo lago azul, cercado por paredes de esmeraldas cintilantes, com barcos flutuantes encantados, portais místicos, quiosques suspensos, flores vivas e peixes que dialogam. Este será o lugar mais belo da Terra, onde a violência não terá lugar, apenas reinará a harmonia.
Após escutarem a profecia, todos se dispersaram pela cidade, proclamando a mensagem esperançosa assegurada pelo cidadão loquaz, convencidos de que, a qualquer instante, com um leve piscar de olhos ou um estalo de dedos, o lugar transformaria sua aparência original, abandonando o abandono, a negligência e o esquecimento, passando a ser conforme o que o cidadão pomposo havia prometido.
Mesmo com o passar dos anos, viajantes que sempre passaram pela Lagoa do Derba, frequentemente encontraram uma multidão à espera do milagre prometido pelo homem que se autoclassifica como o soberano do planeta. Esses viajantes relataram ainda que o volume de água da lagoa cresceu devido às lágrimas dos que ainda sonham com o cumprimento da profecia, mesmo cientes de que beterraba se assemelha a goiabada, mas não é.
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