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Sexta- feira, 23 de Agosto de 2024

Bahia/Opinião

JEQUIÉ: A CIDADE DO FAZ DE CONTA

Está faltando responsabilidade e maturidade para refletir sobre a Jequié do amanhã que está se construindo hoje

JEQUIÉ: A CIDADE DO FAZ DE CONTA
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Jequié está uma beleza. Uma beleza de quem passou um reboco às pressas na parede mofada e agora exibe o sorriso de quem acredita que tudo está resolvido. A prefeitura tem se empenhado em requalificações, intervenções, reformas e, claro, inaugurações – porque sem fita para cortar e placa para tirar foto, não tem gestão que se sustente. Mas, entre uma praça nova e uma árvore velha derrubada, algumas perguntas precisam ser feitas.

Palmeira Imperial estipada a mergem do Rio Jequiezinho

O que estamos recebendo como cidade? É um bem durável ou só um teatrinho de obras para enganar os desavisados? Existe um estudo sério sobre o que realmente precisamos, ou estamos vivendo a versão municipal de "qualquer coisa serve"? Porque, veja bem, há um padrão curioso na execução dessas requalificações. Enquanto na praça em frente ao estádio municipal os bancos foram feitos de madeira de eucalipto, grosseiros e mal acabados, na pequena avenida da Caixa d’Água, onde coincidentemente há comércios de vereadores e amigos do poder, os bancos são um primor da marcenaria: madeira de lei aparelhada, envernizada, com pés robustos e elegantes. É quase como se houvesse duas Jequiés – uma para o povão e outra para a turma do "deixa comigo".

E as árvores? Ah, as árvores… Essas que um dia foram testemunhas silenciosas das histórias da cidade agora são apenas mais uma estatística na guerra contra o verde. A derrubada das gameleiras na Praça da Bandeira foi um golpe. Uma delas abrigava um vendedor de água e seu filho, mas, pelo visto, abrigo de trabalhador não é prioridade. Enquanto isso, na mesma pequena avenida dos privilegiados, coqueiros da Bahia enfeitam a calçada do comércio de um vereador, impedindo a passagem de pedestres. Pois é, o verde tem vez – desde que seja enfeite e pertença à pessoa certa.

 

E não para por aí. Depois de venderem uma biblioteca (sim, porque conhecimento não rende caixa para campanha), resolveram trazer de volta uma ideia digna do século XIX: um viveiro de pássaros em plena praça pública. Isso mesmo, em 2025, com o mundo inteiro debatendo sustentabilidade, mudanças climáticas e conservação da fauna, Jequié decidiu que o melhor uso do espaço público era prender passarinhos para a alegria de quem ainda não entendeu o conceito de liberdade.

Mas o melhor vem agora: enquanto a prefeitura se orgulha dessas inaugurações disfuncionais, servidores terceirizados denunciam salários atrasados, professores reivindicam o mínimo e o transporte público segue um caos. O progresso, em Jequié, é uma miragem. A cidade que se autoproclama dona do maior São João da Bahia, que levanta perfilados sem cobertura e que se desfaz de sua memória e patrimônio histórico como quem joga fora um móvel velho, virou terra de ninguém.

E os forasteiros? Ah, esses continuam chegando, fincando bandeira, ocupando cargos e preparando seus herdeiros para perpetuar o ciclo. Enquanto isso, a cidade assiste, perplexa, ao teatro da modernização fajuta.

De fato, Jequié é mesmo uma cidade do faz-de-conta.

FONTE/CRÉDITOS: TV Jequié
Comentários:
Israel Ferssant

Publicado por:

Israel Ferssant

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