Com a notícia de que a Biblioteca Municipal de Jequié irá fechar, ficamos com a sensação de retrocesso na cidade. A biblioteca é percebida como um espaço para estudo e estudantes, isso acaba afastando a comunidade desse ambiente que é um espaço privilegiado de acesso ao conhecimento. Sabemos que existem cidades que tem a biblioteca como único equipamento cultural, é necessário que gestores públicos tenham essa percepção da realidade que esses espaços precisam ser abertos, acolhedores, é preciso levar essa comunidade para dentro desse espaço não só para troca de experiências, convivência, mas como se fosse uma extensão da escola, para que depois da escola, você tenha um local aonde continua buscando informações, incluindo conhecimento na bagagem cultura.
É uma pena que gestores públicos não tenham interesse em investir nestes equipamentos, sabemos que existe preocupação com quadras de esportes, campos de futebol, espaços de festas, mas, esquecem que é nesse espaço, a biblioteca, que se contribui para a formação da cidadania, para o desenvolvimento social da cidade. Temos um desafio civilizatório, é necessário pensarmos a biblioteca como um organismo vivo, que fala e abriga um elemento fundamental dentro da estrutura cultural que é o livro. O livro fala, é emotivo, é um ser complexo. Precisamos de gestores que invistam em cultura do livro para transformação da sociedade. É um desafio, pois faz-se necessário repensar a forma como se pensa cultura.
O Brasil é conhecido como o país da bola, o país do samba, quando seremos conhecidos como o país do livro? Repensar os espaços das bibliotecas, é também repensar o modelo de gestão que incorpore a comunidade a toda estrutura de cultura. É importante utilizarmos essa crise cultural para chamar a comunidade para um diálogo, e juntos reconceituarmos a relação com da comunidade com a biblioteca. Biblioteca é um espaço de socialização, falta nesse modelo de gestão olhar para ela com a potencialidade que ela tem, a ideia antiga de livros guardados, espaço fechado, silencioso, é falida. Biblioteca deve fazer barulho, um local vivo e diverso. Rodas de leituras, autores locais, poetas locais, trazer essas pessoas que produzem através da leitura na região, intercâmbios para troca de experiências de leituras. Há um oceano de atividades interessantes que podemos utilizar para valorizar o espaço da biblioteca, uma cidade como Jequié não pode ter como únicas atividades sociais publicas os cultos religiosos, festejos católicos, bares e futebol.
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