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Sexta- feira, 23 de Agosto de 2024

Poesia

Poesias com crítica

NEM SURDO OU CEGO

Prosas de Braga
Por Prosas de Braga
Poesias com crítica
Poeta Braga Costa
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NEM SURDO OU CEGO

Tudo é relativo ou até abstrato,
Se atendo à vontade sem porquês,
E o que acho belo pode ser barato,
Ou pode ser ao gosto do freguês.

Um dia me disseram sobre um carro,
Que eu não teria o tal Rolls-Royce,
Mas o que não sabem é sobre o barro,
Onde só mesmo meu asno é feroz.

Isso eu soube na estrada de terra,
Naquele inverno pelo baixo sul,
Escorregando, meu fusca viu serra,
E três dentes na trava é surucucu.

Serpenteando, eu fui bem mais longe,
E a beira da praia era em Camamu,
Onde eu vendia a enxada pro monge,
Querendo em setembro comer caruru.

Da enseada eu trouxe um bom peixe,
Com camarões frescos e defumados,
E veio o dendê amarrado num feixe,
Que fora colhido na beira do lago.

Chegando em casa eu pilei o dendê,
E me lembrei de um café arábica,
Porque o conilon eu tomei sem saber,
Que o melhor vem com a prática.

Quando novo eu jogava a sinuca,
E acertava tudo e até entortava,
Mas agora, velho e sem a batuta,
Já não rejo musicais, nem à tapa.

Só não quero morrer surdo e cego,
Pois o mundo é lindo e é musical,
Pois eu vi sabiás em aconchego,
Com os curiós em pleno festival.

FONTE/CRÉDITOS: Poeta Braga Costa
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