Quem visita o “Shopping Popular” de Jequié pode ter a impressão imediata de que se trata de um empreendimento que não decolou, fracassou, mesmo sendo financiado com o dinheiro público. O número de lojas ainda existentes e a baixa frequência de compradores têm sido o extrato de um projeto público que possivelmente foi construído sem ouvir a categoria, sem estudo de impacto e viabilidade econômica.
O shopping Popular nasceu com o objetivo de retirar os camelôs das ruas de Jequié e promover a dignidade para aqueles que, do segmento, retiram seu sustento. A obra foi iniciada em 2022 e foi entregue aos camelôs em outubro de 2024, e custou R$ 2.271.593,68 (dois milhões e duzentos e setenta e um mil e quinhentos e noventa e três reais e sessenta e oito centavos).
Logo no anúncio do empreendimento, alardeado excessivamente pelo prefeito Zé Cocá nas redes sociais, surgiram diversas manifestações contrárias à sua construção, em razão da Lei de Tombamento do Patrimônio Público que se enquadra o Mercado Municipal de Jequié, inaugurado em 1954 pelo então prefeito Lomanto Júnior.
Em maio deste ano, o presidente da Associação dos Camelôs, Roberto Souza, denunciou os constantes arrombamentos que aconteceram nas lojinhas da galeria, em decorrência da falta de segurança. Roberto acrescentou ainda que os comerciantes estavam passando por dificuldades, sendo que tem alguns que não venderam nada desde que o imóvel foi inaugurado, e ainda estão sendo roubados.
Em agosto, o prefeito Zé Cocá baixou decreto municipal revogando a Permissão de Uso a Título Precário e Gratuito de 10 (dez) boxes comerciais localizados no Shopping Popular, na Praça da Bandeira, após orientação da Procuradoria Geral do Município. Esse fato aponta para a desistência de proprietários que consideraram o negócio inviável no seu sustento.
O empreendimento possui 103 lojinhas, foi inaugurado com 90 e hoje possui aproximadamente 40 lojinhas funcionando. De acordo com o presidente da Associação dos Camelôs, a situação está muito complicada, sem segurança, com poucos compradores, além do calor excessivo nas lojinhas que ficam de frente para o poente, inclusive danificando mercadorias. “Tem gente que está aqui há 3 meses e ainda não vendeu nada”, destacou Roberto.
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