Ética diz respeito a comportamento, moral diz respeito a normas postas por um ser superior. Todos nós nascemos sem ética e sem moral, cabe à família, escola e sociedade ensinar o princípio do limite alheio. A crise da ética no Brasil é também uma crise de nós pais, professores e autoridades, quando deixamos de educar, pois educar implica muitas vezes em atrito, educar é muitas vezes não ser tão legal. Pais e professores não são amigos, pois a ideia de amizade sugere isonomia, e não é o caso com pais e professores, pois com amigos não se tem o compromisso moral ou ético, é apenas o prazer da relação, já como pai e professor existe o compromisso que não dependem do afeto, mas, de uma responsabilidade permanente, ensinar significa impor limites.
Hoje não é mais permitido impor limites com punições físicas, nem a lei nem a ética nos permite mais utilizar esses métodos. Minha geração foi criada sem a noção de traumas psicológicos, logo, apanhava todo dia. Também não tínhamos “bullying”. Segundo Freud, sem a noção de trauma não há cultura ou aprendizado. A criança quando coloca o dedo na tomada e leva um choque, o cérebro registra a dor e a criança não coloca mais o dedo, sem traumas morremos. O medo do perigo faz com que a gente sobreviva. Há um tempo atrás não existia a obrigatoriedade do uso de cinto de segurança nos carros, também não era obrigatório o uso da cadeirinha para as crianças. Isso mudou com o consenso e coerção, educação e multas.
A classe política brasileira é disfuncional e atua de costas para os seus representados, não existe um mecanismo que faça com que o político preste conta de forma efetiva das suas funções, com isso o poder vem sendo usado constantemente para tirar proveito para si e para os seus grupos, partidos, etc. Essa estrutura onde falta diálogo com o público, tende também a privatizar o próprio público impactando diretamente no sistema político. É preciso criarmos mecanismos de fiscalização e transparência, onde as pessoas tenham acesso a imprensa profissional e não fiquem reféns das redes sociais e de uma mídia tendenciosa que vomita informações sem conteúdo, deslegitimando a profissão de jornalista.
O que impulsiona a corrupção no âmbito político, é justamente a descabida dissociação que se faz entre a ética e a política, onde diariamente, ocupantes do poder dissociam a ética da política, assim o fazem para alcançar os fins desejados, ficando a ética em segundo plano. Em nossa região, é comum ver políticos abraçarem ideias separatistas encontradas nas teorias de Maquiavel. Faz-se necessário uma faxina completa no cenário da política municipal, é necessária uma reciclagem nesse modelo governamental onde figuras coronelistas se perpetuam no poder, sugando as energias que fariam nosso município prosperar.
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