Enfeita-me, aureola
Fachada de estado imperial
Resquício de ideia sobrenatural
Presente que nem ouso merecer
Enfeita-me, aureola
Coroa do mundano angelical
Ostentas em tua pele sem igual
Que tragas dessa vida sem querer
Enfeita-me, oh, aureola
Roubada de uma terra de mulambo
Vendida pra pagar o teu escambo
Que tomastes minha terra pelo mar
Enfeita-me, oh, aureola
Porque já me foges da verdade
Minha pele só deseja igualdade
Por justiça de um fardo desumano
Enfeita-me também aureola
De quebra uma tiara colorida
Desnudar a minha pele bem florida
Esconder o vermelho a me sangrar
Enfeita-me, mas não me cerca
Eu duvido que no final dessa peça
Me sobre canto pra essa tua orquestra
Que aceita até uma orientação
Enfeita-me, diadema
Que de sangue foi pintada
Que de pele foi manchada
Que minha testa bem rasgada
Tu venhas adornar!
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